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Reino Unido deporta mais de 600 brasileiros em ‘voos secretos’, diz jornal

Publicada em: 02/12/2024 06:46 - Notícias

A publicação, feita neste domingo (1), afirma que dentre os brasileiros deportados, estavam crianças que teriam passado a maior parte da vida em terras britânicas

O Reino Unido deportou mais de 600 brasileiros, incluindo 109 crianças, em três voos secretos entre agosto e setembro deste ano.

A informação foi divulgada pelo jornal The Guardian neste domingo (1). Segundo o texto, o Departamento do Interior, que seria equivalente ao Ministério do Interior no Reino Unido, nunca deportou tantos imigrantes da mesma nacionalidade em operações semelhantes.

A publicação informa que foram três voos. O primeiro no dia 9 de agosto, com 205 pessoas, incluindo 43 crianças; o segundo voo foi no dia 23 de agosto, quando foram 206 brasileiros, dentre eles, 30 crianças; e dia 27 de setembro, quando foram 218 pessoas deportadas, incluindo 36 crianças.

O jornal ainda destaca que as crianças estavam acompanhadas de suas respectivas famílias, estudavam em escolas britânicas e teriam passado a maior parte da vida no Reino Unido.

Segundo a reportagem, a deportação foi “voluntária”, e incluem pessoas que ultrapassaram o prazo de permanência máximo dos vistos, já que o país está intensificando as medidas contra a migração ilegal.

O texto diz que não há informação de quantos brasileiros não queriam retornar para o Brasil.

A política preocupa organizações como a Coalition of Latin Americans in the UK (Coalizão de latino-americanos no Reino Unido, em português), que informou para o jornal que os brasileiros são a maior comunidade latino-americana no país, o que os faz enfrentar barreiras significativas para ter acesso a serviços jurídicos, especialmente em português. “Muitos chegam por meio da migração de países da União Europeia (UE). No entanto, as mudanças nas regras de imigração pós-Brexit [saída do Reino Unido do bloco] deixaram centenas deles e seus familiares, que não pertencem à UE em risco de terem seus direitos negados devido à desinformação e aos rigorosos requisitos de elegibilidade”, disse a Coalização para o The Guardian.

 

Um porta-voz do Departamento do Interior afirmou que o país está cumprindo o plano de aumentar a remoção de pessoas que não tem o “direito de estar no Reino Unido”.

Itatiaia procurou o Itamaraty, que respondeu, em nota, que o retorno voluntário proposto pelo Reino Unido é compatível com os princípios da assistência consular brasileira.

Confira a nota na íntegra:

O Reino Unido propôs organizar voos de retorno voluntário ao Brasil, por companhias aéreas comerciais, para brasileiros inscritos no Programa de Retorno Voluntário (Voluntary Returns Service – VRS, em sua sigla em inglês), mantido pelo “Home Office”. O VRS oferece passagens aéreas para os migrantes que desejam retornar a seus países de origem, além de auxílio financeiro para se restabelecer em suas cidades natais.

Importante esclarecer que não se trata de deportação, e sim de decisão voluntária dos participantes de aderir à iniciativa britânica.

O processo de retorno voluntário proposto pelo Reino Unido coaduna-se com os princípios da assistência consular brasileira que, em casos específicos, também financia a viagem de brasileiros em situações de desvalimento no exterior, além de contar com parceira de natureza semelhante com a Organização Internacional para Migrações (OIM). O consentimento brasileiro ao programa baseia-se no requisito de que a participação dos nacionais é voluntária e poderá ser revisto, a qualquer tempo, caso esses termos sejam alterados.

 

Itatiaia

 
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