Carregar sacolas pesadas de compras ou subir escadas por breves momentos pode reduzir em até 50% as chances de infarto em mulheres, de acordo com um estudo recente. A pesquisa sugere que essas atividades cotidianas podem ajudar a prevenir problemas cardíacos em pessoas que, de outra forma, são sedentárias.
Os cientistas afirmam que transformar esses exercícios incidentais em um hábito de vida pode ser uma “opção promissora” para mulheres que não gostam ou não podem praticar exercícios estruturados. O estudo, realizado com mais de 22.000 homens e mulheres britânicos, com idades entre 40 e 79 anos, incluiu participantes que admitiram não se exercitar regularmente.
Durante o período de 2013 a 2015, os participantes usaram monitores de atividade física quase 24 horas por dia durante sete dias. Os dados de saúde foram acompanhados por registros hospitalares e de mortalidade, monitorando eventos cardiovasculares graves, como infarto, derrame e insuficiência cardíaca, até novembro de 2022.
A atividade física de alta intensidade inserida na rotina diária é conhecida como “atividade física vigorosa intermitente de estilo de vida”. As mulheres de meia-idade que praticavam em média 3,4 minutos por dia dessa atividade viram suas chances de sofrer um evento cardiovascular grave serem reduzidas em 45%. Elas tinham 51% menos probabilidade de sofrer um infarto e 67% menos chances de desenvolver insuficiência cardíaca, comparadas às mulheres que não realizavam esse tipo de atividade.
Até mesmo realizar cerca de 1,5 minutos de atividade intensa por dia reduziu o risco de infarto em 33% e o risco de insuficiência cardíaca em 40%. Esse resultado é particularmente significativo, pois as mulheres tendem a ter um nível menor de aptidão cardiorrespiratória em comparação aos homens, conforme destacaram os pesquisadores.
O autor principal do estudo, Emmanuel Stamatakis, professor da Universidade de Sydney, afirmou: “Transformar os curtos períodos de atividade física intensa em um hábito de vida pode ser uma opção promissora para mulheres que não gostam de exercícios estruturados ou que não podem praticá-los. Como ponto de partida, pode ser tão simples quanto incorporar, ao longo do dia, alguns minutos de atividades como subir escadas, carregar compras ou caminhar morro acima.”
Stamatakis acrescentou ainda: “Isso não deve ser visto como uma solução rápida – não há soluções mágicas para a saúde. Mas nossos resultados mostram que até um pouco de atividade de maior intensidade pode ajudar e pode ser exatamente o que as pessoas precisam para desenvolver um hábito regular de atividade física – ou até mesmo de exercício.”
Os benefícios não foram tão significativos entre os homens. Aqueles que praticavam em média 5,6 minutos de atividade intensa por dia tiveram uma redução de 16% no risco de sofrer um evento cardiovascular grave, em comparação com os homens que não realizavam nenhuma atividade do tipo.
Da mesma forma, uma média mínima de 2,3 minutos por dia esteve associada a uma redução de apenas 11% no risco, segundo os dados publicados no British Journal of Sports Medicine.
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