Pesquisa apresentada pelo Ministério da Saúde revela que ansiedade, cansaço, dificuldade de concentração e perda de memória estão entre os principais sintomas
Mais de 11 milhões das pessoas que foram infectadas pelo vírus da Covid-19 ainda enfrentam sintomas persistentes da doença. Os dados são de uma pesquisa apresentada nesta quarta-feira (18pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a pesquisa, cerca de 28% da população brasileira – aproximadamente 60 milhões de pessoas – afirmou ter contraído a Covid-19 pelo menos uma vez. Desses, 18,9% relatam lidar com sintomas pós-Covid.
Segundo o relatório, mulheres e indígenas são os mais afetados pelos sintomas persistentes. Os sintomas mais frequentes estão ligados a saúde mental, são eles:
- Ansiedade (33,1%);
- Cansaço (25,9%),
- Dificuldade de concentração (16,9%);
- Perda de memória (12,7%)
Os dados reforçam que, mesmo após o período mais crítico da pandemia, a Covid-19 segue impactando a saúde e a qualidade de vida dos brasileiros. “Os impactos da pandemia são grandes e duradouros para a população brasileira”, afirma a pesquisa.
Desigualdade
A pesquisa também mostrou o agravamento das desigualdades sociais no Brasil após a pandemia. Entre os entrevistados:
- 48,6% relataram redução de renda;
- 47,4% passaram por insegurança alimentar;
- 34,9% perderam o emprego;
- 21,5% interromperam os estudos;
- 15% perderam um familiar para a Covid-19
Segundo a pesquisa, os dados mostraram que esses impactos foram mais severos entre pessoas de menor renda e domicílios chefiados por mulheres.
Vacinação
Segundo a pesquisa, a vacinação contra a Covid-19 teve adesão de 90,2% dos entrevistados, que receberam pelo menos uma dose. 84,6% completou o esquema vacinal com duas doses.
A região Sudeste apresentou os maiores índices de cobertura vacinal, especialmente entre idosos, mulheres e pessoas com maior escolaridade e renda. No entanto, a confiança na vacina ainda divide opiniões:
- 57,6% afirmaram confiar na vacina;
- 27,3% não acreditam na eficácia da imunização, com maior prevalência entre pessoas de baixa renda;
- 15,1% disseram ser indiferentes ao tema
Já entre as pessoas que não se vacinaram, os principais motivos apresentados foram:
- 32,4% Descrença na vacina
- 31% Temor de efeitos colaterais
- 2,5% Não tomaram, pois disseram que já tinha pego Covid;
- 1,7% Condições de saúde impeditivas
- 0,5% disseram não acreditar na existência do vírus
Um dos aspectos que chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato de 2,5% dos entrevistados não terem tomado a vacina devido à falsa crença de que contrair a Covid-19 conferiria imunidade permanente contra a doença.
Diante desses dados, o Ministério da Saúde pretende intensificar ações de conscientização para desmistificar essa informação e reforçar a importância da vacinação como medida indispensável para a proteção coletiva.
Como a pesquisa foi feita
O estudo, intitulado “Epicovid 2.0: inquérito nacional para avaliação da real dimensão da pandemia de Covid-19 no Brasil”, foi conduzido pelo Ministério da Saúde em parceria com diversas instituições de pesquisa, como a Universidade Federal de Pelotas (UFPele a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Realizada em 133 cidades brasileiras, a pesquisa entrevistou 33.250 pessoas, selecionadas aleatoriamente, com foco no histórico de infecções, impactos socioeconômicos, vacinação e condições pós-covid.
A pesquisa é uma continuidade de um levantamento iniciado em 2020 e reforça que os impactos da pandemia são profundos e duradouros, com efeitos amplificados entre as populações mais vulneráveis.
Itatiaia