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Escolas particulares vendem 50% mais ultraprocessados do que alimentos saudáveis, aponta pesquisa

Publicada em: 08/02/2025 06:40 - Notícias

A diferença é ainda mais acentuada no comércio ambulante, chegando a 117%; pesquisa contou com participação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Alimentos ultraprocessados e preparações culinárias baseadas nestes alimentos são aproximadamente 50% mais comercializados do que os in natura - não processados ou minimamente processados - nas cantinas de escolas particulares no Brasil.

No entorno das escolas, a diferença é ainda mais acentuada no comércio ambulante, chegando a 117%.

 

Os dados são do estudo pioneiro Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras (Caeb), coordenado por um grupo de pesquisadores vinculados a seis universidades públicas brasileiras, entre elas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que avaliou aspectos relacionados à comercialização de alimentos e bebidas em 2.241 cantinas escolares e de 699 ambulantes no entorno de escolas privadas de ensino fundamental e médio nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.

Alimentos ultraprocessados mais consumidos:

Cantinas:

  • Refrigerante (61,80%);
  • Salgado assado com recheio ultraprocessado (47,88%);
  • Bombom ou chocolate (37,97%);
  • Salgadinhos de pacote (37,48%).

Ambulantes:

  • Refrigerante (46,2%);
  • Guloseimas (29,6%);
  • Salgadinho de pacote (21,5%);
  • Pipoca de pacote (19%).

Alimentos in natura mais consumidos:

Cantinas:

  • Água (79,70%);
  • Sucos naturais de fruta (70,54%);
  • Bolos de preparação culinária (59,43%);
  • Salgado assado sem recheio ultraprocessado (53,27%);
  • Sucos 100% integrais em caixinha, lata ou garrafa (37,57%)

Ambulantes:

  • Água;
  • Café (12,2%);
  • bolo de preparação culinária (11,6%);
  • Suco natural de fruta (11,3%).

Alimentação: escolas públicas X privadas

Além da Escola de Enfermagem da UFMG, 23 instituições de ensino superior públicas brasileiras participam do levantamento. Uma das coordenadoras do estudo, a professora da UFMG Larissa Mendes Loures, aponta que o ambiente alimentar escolar no Brasil desempenha um papel crucial na formação de hábitos e preferências alimentares entre crianças e adolescentes. Ela também destaca que há um contraste no ambiente alimentar entre as escolas públicas e privadas.

‘A maioria apresenta um ambiente que promove a alimentação adequada e saudável por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar, que oferta refeições alinhadas com as recomendações das versões atuais dos guias alimentares brasileiros. Já as escolas privadas, frequentemente, apresentam um ambiente alimentar mais obesogênico, com maior disponibilidade de produtos ultraprocessados e menos opções saudáveis’, ressalta Larissa Loures.

 

Tipo de refeições comercializadas

Quase a totalidade das cantinas das escolas particulares (92,54%comercializa lanches. O Segundo a pesquisa, cerca de 22,13% e 23,82% das cantinas avaliadas no país oferecem café da manhã e almoço. Em relação ao café da manhã, mais da metade das cantinas em Boa Vista, Distrito Federal, Porto Alegre e Vitória comercializam essa refeição. E mais da metade das cantinas em Belo Horizonte, Distrito Federal e Vitória ofertam o almoço.

Apenas 5,48% das cantinas no país ofertam jantar, sendo as maiores frequências encontradas em Campo Grande (29,3%), Vitória (26,67%e São Paulo (24,80%).

A professora Larissa Loures destaca ainda que, nessas escolas, apenas 26,95% das cantinas desenvolvem ações que incentivem a alimentação saudável. ‘Nas análises estratificadas, identificamos que apenas em Belo Horizonte, Campo Grande, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Salvador e São Paulo mais da metade das cantinas desenvolve ações que incentivem a alimentação saudável’.

Importância do nutricionista nas cantinas

Considerando as 26 capitais e o Distrito Federal, pouco mais da metade das cantinas (50,55%tem nutricionista. Nas análises estratificadas por cidades, observou-se o mesmo cenário, com exceção de Aracaju, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Goiânia, Macapá, Maceió, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro e Salvador, que foram as cidades em que menos da metade das cantinas tem nutricionista.

Segundo a professora e pesquisadora, a presença de nutricionistas nas escolas privadas diminui a quantidade de ultraprocessados comercializados. ‘Isso foi constatado no estudo, já que as capitais em que esses profissionais de saúde atuam nas escolas tiveram melhor desempenho no índice de saudabilidade calculado pela pesquisa’.

 

itatiaia

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