Pesquisa aponta que 13,8% dos distúrbios congênitos aconteceram em mulheres diagnosticadas com a doença antes ou durante a gravidez
Um estudo brasileiro publicado na revista científica Diabetology & Metabolic Syndrome revelou que mulheres grávidas com diabetes têm mais chances de ter bebês com malformações congênitas. As anomalias cardíacas foram as mais frequentes, seguidas das neurológicas.
Ao todo, foram analisadas informações de 567 mulheres com diagnóstico pré-concepcional de diabetes tipo dois. De acordo com os resultados, as anomalias congênitas ocorreram em 78 bebês (13,8%), sendo que 73 deles (93,6%apresentaram anomalias maiores, aquelas consideradas graves, que podem resultar em morte ou dano permanente.
Isso acontece porque o diabetes é uma doença que se caracteriza pela falha na utilização de glicose pelo corpo, por deficiência de insulina ou por redução da sensibilidade dos tecidos à insulina, o que caracteriza o diabetes tipo 2. Como consequência, a circulação de glicose aumenta no sangue.
Na gravidez, esse excesso passa para o feto pela placenta. Vários mecanismos moleculares são alterados pelos altos níveis de glicose, resultando no desarranjo anatômico fetal, a malformação congênita.
Como controlar o problema
A médica Maria Lúcia da Rocha Oppermann, uma das autoras do estudo e professora titular da Faculdade Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), detalha que “o preparo pré-concepcional, com o controle adequado da glicemia, substituição de eventuais medicamentos em uso e a administração de ácido fólico poderia evitar possivelmente a maioria desse contingente de malformações congênitas”.
Além disso, o ginecologista e obstetra Rômulo Negrini, coordenador-médico da obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein, aponta que, quando a gravidez não é planejada, a mulher, consequentemente, não consegue monitorar a diabetes antes, o que também pode contribuir para um aumento no índice. “É importante, primeiramente, realizar acompanhamento médico para o correto rastreamento da doença. Além disso, planejar a gravidez para que todos os controles prévios sejam realizados visando uma gestação saudável”, orienta Rômulo Negrini.
O subdiagnóstico também pode contribuir. “Muitos afetados pelo diabetes ignoram esse diagnóstico, que em aproximadamente 70% das vezes é feito em estágio avançado”, alerta. Segundo o estudo, a frequência de diabetes não diagnosticada entre os brasileiros de 20 a 79 anos chega a 31,9%.
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