As vendas estão abaixo da média e até 30% menores que no ano passado; Veja também: Aeroporto de Betim promete novo ciclo de desenvolvimento

Em fevereiro de 2025, a produção industrial mineira apresentou variação negativa de 0,2% frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais. Minas Gerais foi uma das sete unidades da federação com taxa negativa de crescimento. Outras oito apontaram expansão, com destaque para Pernambuco com a alta mais expressiva do mês, alcançando 6,5%. Os dados foram divulgados nesta terça (8pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial mineiro apontou queda um pouco maior, de 0,7%. O índice é mais baixo que a média nacional que foi de alta de 1,5%. No acumulado do ano, considerando os meses de janeiro e fevereiro, Minas também apresenta variação negativa, caindo 0,5% na produção industrial. Entretanto, os índices negativos não impactaram ainda no acumulado dos últimos 12 meses. No período de um ano, Minas Gerais marca expansão de 1,6%.

As indústrias extrativas foram as principais responsáveis pelo desempenho negativo de Minas Gerais em fevereiro, na comparação anual. Conforme os números divulgados pelo IBGE, em relação ao mesmo mês de 2024, elas desempenharam 1,81% a menos. O setor de máquinas e equipamentos (-0,32%), o de bebidas (-0,16%e o de metalurgia (-0,5%também contribuíram para a queda no desempenho geral.

Os dados vão de encontro aos resultados apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdicno mês passado em que foi divulgado queda de 32% na receita com exportações do minério de ferro no primeiro bimestre do ano. A queda nas exportações foi atrelada à retração na demanda mundial da commodity, além do cenário de incertezas no comércio internacional.

O contexto econômico, para a economista do IBGE Alessandra Coelho de Oliveira, é o principal motivador do desempenho. Segundo ela, de setembro a fevereiro, Minas Gerais teve resultado negativo em todos os meses, com exceção de janeiro que apontou crescimento de 1%.

“A gente tem tido estes resultados negativos com mais frequência, relacionados ao aumento dos juros e à política monetária que tenta controlar a inflação. Eles acabam restringindo as linhas de crédito e reduzindo os maiores investimentos. Além de impactar o consumo das famílias também”, comenta.

Indústria extrativa puxa queda de Minas Gerais

A analista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Juliana Gagliardi, explica que a representatividade da indústria extrativa no Estado é muito forte, o que acaba puxando a queda do resultado geral.

“Embora o desempenho das extrativas tenha caído também no Brasil, ela caiu de forma mais acentuada em Minas e como ela tem um peso mais representativo por aqui em comparação a indústria nacional, acaba sendo a responsável pela queda”, afirma.

O peso da indústria extrativa também explica a queda na produção no acumulado do ano no Estado (-0,5%), enquanto o Brasil registra alta de 1,4% no primeiro bimestre de 2025, detalha a economista. Entretanto, reforça que os números já demonstram um panorama geral da economia para este ano. 

“Importante a gente destacar que o Brasil já tem apresentado uma desaceleração e a gente consegue ver isso nos resultado mês a mês de fevereiro para janeiro. Tanto Minas quanto o Brasil têm apresentado leves quedas no desempenho. Essa pequena desaceleração já é um panorama geral em 2025”, ressalta.

Outra queda que a economista da Fiemg destaca é a do setor de metalurgia. Se comparado com janeiro deste ano, a produção foi 3,2% menor. “É um setor muito significativo no Estado também. O setor teve uma queda expressiva muito por conta da competitividade com os chineses. A China colocou tarifas muito competitivas e isso prejudicou o setor metalúrgico daqui”.

Sobre o desempenho do setor de máquinas e equipamentos, a economista atribui a queda à alta da taxa de juros e às pressões inflacionárias. Segundo ela, juros altos limitam o acesso ao crédito e consequentemente os investimentos em máquinas e equipamentos.

Agricultura contribui com bons resultados

Quando analisadas as atividades com desempenho positivo, destaca-se em Minas Gerais a produção de produtos químicos. “Eles vêm crescendo significativamente e podemos atribuir este crescimento à agricultura. A previsão é que ela vá se recuperar este ano, com novas safras recordes, dado os números já vistos no primeiro trimestre deste ano”, pontua Juliana Gagliardi.

Conforme os dados do IBGE, dentre as 14 atividades divulgadas para Minas Gerais, sete tiveram aumento em relação ao mesmo mês do ano anterior. As maiores elevações ocorreram em “produtos químicos” (20,6%e “veículos automotores (12%)”.

O setor de automóveis segue em ritmo acelerado, seguindo tendência do ano anterior. “É um setor que já vinha performando bem e continua com bom desempenho”, conclui.

Diario do comercio