Diante da dificuldade de contratação de funcionários em supermercados e também da falta de interesse dos jovens pela área, setor pensa em novas medidas
A discussão sobre os diferentes regimes de trabalho, como o tradicional CLT (Consolidação das Leis do Trabalhoe a contratação por hora, ganha destaque no mercado brasileiro, especialmente no setor de supermercados. Enquanto muitos ainda veem na carteira assinada um sinônimo de segurança, alguns setores buscam alternativas que ofereçam maior flexibilidade.
É o caso dos supermercados, que enfrentam dificuldades na contratação de funcionários e veem no contrato de trabalho por hora uma potencial solução. Segundo Eliane Ramos de Vasconcelos Pais, ex-presidente da Associação Brasileira de RH e vice-presidente da Associação Comercial de Minas Gerais, a iniciativa facilita a contratação ao permitir mais flexibilidade para os trabalhadores, especialmente os jovens.
“Os jovens têm muita dificuldade. Eles buscam muito equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional”, explica Eliane.
Com o horário mais flexível, o pagamento por hora daria mais liberdade de escolha aos funcionários, permitindo ajustar as jornadas conforme suas necessidades individuais.
A expectativa é que essa modalidade ajude a preencher as mais de 35 mil vagas abertas no setor. Além da atração de jovens, o modelo por hora pode oferecer maior acesso ao mercado para pessoas com outras ocupações, funcionando como um “plano B” ou fonte de renda extra.
Para os supermercados, os custos podem ser mais ajustáveis, permitindo contratar conforme a demanda e reduzir despesas operacionais. Facilita, ainda, a entrada de novos profissionais sem contratos longos.
No entanto, apesar da flexibilidade, a modalidade por hora exige planejamento e levanta preocupações. A principal delas é a renda instável, já que o salário pode variar de mês para mês se o trabalhador não tiver uma jornada fixa. Há também questionamentos sobre como os benefícios trabalhistas, como férias e plano de saúde, seriam impactados.A instabilidade financeira pode prejudicar o desempenho do trabalhador, e a integração entre as equipes pode se tornar mais difícil.
Mirna dos Reis, estudante de engenharia de software, exemplifica a visão de quem valoriza a CLT: “eu acredito que ainda hoje a CLT tem uma garantia sim segurança porque você não sabe o dia de amanhã, né?”.
Itatiaia