Mais de 14 mil pessoas foram acompanhadas durante oito anos, a partir de três períodos: 2008 a 2010; 2012 a 2014 e 2017 a 2019
Um estudo feito por cientistas da Universidade de São Paulo (USPapontou que o consumo de ultraprocessados pode aumentar o risco de desenvoler depressão. A pesquisa foi baseada no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto e foi publicada em maio no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.
Mais de 14 mil pessoas foram acompanhadas durante oito anos, a partir de três períodos: 2008 a 2010; 2012 a 2014 e 2017 a 2019. Os primeiros revelaram que quem come mais ultraprocessados tinha um risco 30% maior de desenvolver depressão.
Esse, porém, não foi o dado que mais surpreendeu autores e especialistas da área, já que a associação entre transtornos mentais e o consumo de industrializados já era conhecida. “Isso porque os ultraprocessados têm um perfil pobre de nutrientes – eles substituem alimentos não processados e mais saudáveis, como frutas, verduras, legumes, castanhas, sementes, alimentos integrais”, explica a psicóloga Naomi Vidal Ferreira, pós-doutoranda da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSPe autora principal da pesquisa. “Além disso, eles contêm altos níveis de açúcar, gorduras saturadas, sódio e aditivos químicos, promovendo um ambiente inflamatório no organismo.”
Esse perfil de nutrientes pode impactar negativamente a microbiota intestinal e levar à neuroinflamação por meio do eixo intestino-cérebro. Isso pode levar à ativação de respostas de defesa do corpo, aumentando a produção de cortisol, o que impacta negativamente o humor e pode estar associado ao aumento de sintomas depressivos.
“A flora intestinal tem papel fundamental na produção de neurotransmissores como serotonina e ácido gama-aminobutírico, que regulam funções cerebrais. Alimentos ultraprocessados afetam negativamente essa microbiota, comprometendo esse processo”, detalha o psiquiatra Alfredo Maluf, do Hospital Israelita Albert Einstein.
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