Fernando Fernandes, atleta e apresentador que perdeu os movimentos das pernas após um acidente de carro em 2009, conseguiu andar pela primeira vez em 14 anos. O feito foi possível graças a um exoesqueleto robótico, equipamento usado para reabilitação motora. Guiado por fisioterapeutas especializados, o exoesqueleto auxilia no alinhamento biomecânico da caminhada e é ajustado para atender às necessidades do paciente, promovendo maior controle e segurança durante o movimento.
O exoesqueleto utiliza motores elétricos e sensores avançados para guiar os movimentos das articulações do quadril, joelhos e tornozelos. Ele também mede força, equilíbrio e ritmo da marcha, adaptando-se ao progresso do paciente. Segundo o fisioterapeuta Thiago Ribeiro Pires, a tecnologia é capaz de estimular a neuroplasticidade, prevenindo complicações como atrofia muscular e problemas circulatórios. Outros benefícios incluem redução de dores neuropáticas, melhora do fluxo intestinal e maior estabilidade ao caminhar.
Além dos ganhos físicos, o equipamento contribui para o bem-estar emocional dos pacientes, promovendo maior independência e autoestima. Apesar disso, o exoesqueleto é considerado uma ferramenta complementar à fisioterapia tradicional e é indicado para casos específicos, como lesões medulares incompletas, vítimas de AVC e pacientes com mobilidade reduzida. Para quadros mais graves, como lesões medulares completas, o foco está nos benefícios secundários, como prevenção de complicações associadas ao imobilismo.
O custo elevado e a burocracia para importação limitam o acesso à tecnologia no Brasil. O exoesqueleto custa cerca de R$ 1,9 milhão, e o valor das sessões varia conforme a clínica e o número de treinos necessários. No entanto, o equipamento já está disponível em clínicas particulares de várias cidades e, em 2023, foi incluído no Sistema Único de Saúde (SUSde São Paulo, por meio da Rede de Reabilitação Lucy Montoro.
Desenvolvido inicialmente entre os anos 1990 e 2000, o exoesqueleto robótico começou a ser usado para tratamentos de locomoção em 2001. Desde então, a tecnologia tem avançado, trazendo novas possibilidades para pacientes com diferentes graus de limitação motora. A Rede Lucy Montoro também iniciou pesquisas com um exoesqueleto infantil, ampliando o alcance dessa ferramenta inovadora.
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