Economistas explicam que taxa de juros elevada tem comprometido as vendas em todo o País; Veja também: Inflação da Grande BH desacelera em maio
Em maio, Minas Gerais foi responsável pelo financiamento de 52,5 mil veículos, entre novos e usados, conforme dados do Sistema Nacional de Gravames (SNG), operado pela B3. O número representa redução de 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado, embora indique uma alta de 4,5% em comparação a abril deste ano.
Entre os segmentos, dois impactaram na desaceleração observada no Estado: o de automóveis leves, com a maior queda anual (-6,3%), e as motocicletas (-3,9%). Por outro lado, a quantidade de veículos pesados financiados cresceu 2,7%.
O economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Fundação Ipead), Paulo Casaca, explica que a baixa nos financiamentos veiculares tem relação direta com a alta da Selic, visto que o aumento recai na ponta sobre o consumidor. Em maio, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BCelevou, pela sexta vez consecutiva, a taxa de juros básicos da economia, que chegou a 14,75% ao ano.
“Imagino que essas sucessivas altas da Selic, ao longo dos últimos 12 meses, fez com que o financiamento veicular ficasse mais caro – o custo dele, por conta do aumento dos juros final –, desestimulando o financiamento por parte dos consumidores”, afirma.
Conforme Casaca, a princípio não há previsão de queda na taxa de juros no curto prazo. Segundo ele, o cenário aponta para novos aumentos nos próximas reuniões do Copom. O Comitê se reunirá novamente ainda neste mês para definir o percentual.
Na avaliação do economista e head de Renda Fixa na Suno Research, Guilherme Almeida, o custo de capital aumentou, tanto para empresas como para pessoas físicas, tornando o crédito mais restrito. Ele diz que não só a Selic está em alto patamar, como está em nível elevado há bastante tempo. Logo, as condições de crédito estão ficando mais adversas.
“O custo está aumentando e temos um maior nível de endividamento e comprometimento da renda futura das famílias. Tudo isso traz um risco adicional junto ao mercado, que é precificado via juros. Então, acredito que tem a influência, sim, das taxas de juros, do custo do recurso necessário para o financiamento, e, consequentemente, isso gera ali implicações para demanda por parte dos consumidores”, analisa.
“É claro que há alguns aspectos estruturais também a serem discutidos, como a questão da preferência das pessoas hoje em ter meios alternativos, mas o principal ponto é, de fato, o custo do crédito [como motivador para a redução do volume de financiamentos de veículos em Minas Gerais]”, ressalta Almeida.
Diario do comercio