Tocando Agora: ...

Tarifaço pode custar R$ 4,7 bi no PIB mineiro no curto prazo, calcula Fiemg

Publicada em: 06/08/2025 06:21 - Notícias

Estudo da Fiemg calcula impactos do tarifaço sobre as exportações do Brasil para os EUA na economia de Minas Gerais a curto e longo prazos

 

tarifa adicional de 40% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, que passa a vigorar nesta quarta-feira (5/8), deve representar uma perda de R$ 4,7 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais no curto prazo (2 anos). O tarifaço ainda pode provocar a redução de mais de 30 mil empregos e uma queda de até R$ 510 milhões na renda das famílias mineiras, devido à ociosidade do capital e da mão-de-obra dos setores exportadores. O cálculo foi feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

 

No longo prazo, de 5 a 10 anos, os impactos podem ultrapassar R$ 15,8 bilhões no PIB estadual, além da redução de 172 mil postos de trabalho e queda de até R$ 2,91 bilhões na renda das famílias em Minas Gerais. Parte desse capital será redirecionado para o mercado interno e para outros países, mas, ainda assim, haverá a perda permanente de produção.

 

De acordo com o estudo da Fiemg, no curto prazo, o setor mais afetado pelo tarifaço em Minas Gerais é o da siderurgia e o aço sem costura (queda de 8,26%), segmento muito representativo no estado tanto na quantidade produzida quanto na exportação. Cabe destacar que, embora alguns produtos do setor de ferro-gusa e ferroligas tenham sido incluídos na isenção das tarifas, uma grande parcela dos produtos da siderurgia seguem inclusos na taxação, a destaque do aço.

No setor de fabricação de produtos de madeira, a grande maioria dos produtos, sobretudo aqueles destinados à construção, não foram isentos e possuem forte participação na pauta exportadora mineira, o que provoca um efeito negativo de 3,17%. É importante destacar que, dos 15 setores mais afetados pela economia mineira em curto prazo, 11 são da indústria de transformação. O efeito também se mostra acentuado na pecuária, na extração de minerais metálico não-ferro (decorrente do impacto da cadeia da siderurgia), e também em setores de serviço, como saneamento e transporte terrestre.

 

No longo prazo, além de continuar afetando alguns setores similares ao do curto prazo (como siderurgia, pecuária, produtos de madeira, fabricação de minerais não-metálicos e calados), o tarifaço alcança setores mais sensíveis à renda das famílias, como atividades imobiliárias, serviços domésticos, educação, construção e comércio. Ou seja, o impacto vai além da pauta exportadora, atingindo toda a economia, comprometendo a renda e o consumo das famílias.

  • Efeitos negativos para a economia dos EUA

Minas Gerais é o terceiro maior estado brasileiro exportador para os Estados Unidos, que somou US$ 4,6 bilhões em 2024, 11,4% do total. O cálculo das perdas já leva em consideração as exportações que ficaram isentas do tarifaço, que representam cerca de 37% do total, com destaque para itens como ferro fundido, ferro-nióbio e aeronaves. Já os 63% da pauta mineira que permanece sujeita à tarifa atingem produtos como café, carnes bovinas e tubos de aço.

O estudo conclui que a isenção tarifária concedida a determinados itens exportados para os Estados Unidos atenua os impactos inicialmente previstos em um cenário em que a tarifa seria aplicada a todos os produtos. Além disso, as isenções concedidas resultaram de uma avaliação unilateral do governo americano, baseada em potenciais efeitos para a própria economia dos EUA, sem que tenha havido qualquer negociação por parte do governo brasileiro.

“Diante desse contexto, a expectativa é de que Brasil e Estados Unidos avancem em um diálogo diplomático que evite prejuízos adicionais à economia brasileira, com reflexos diretos e indiretos sobre centenas de empregos no país. Para a Fiemg, a via diplomática é o caminho mais adequado e eficaz para solucionar a questão, preservando a relação comercial estratégica entre as duas nações”, sugere o estudo.

Entre os 10 principais produtos mineiros mais exportados para os Estados Unidos que foram contemplados com isenção tarifária - que representaram cerca de 98% do valor total das exportações isentas -, destaque para o ferro fundido bruto, segundo principal item da pauta mineira, que respondeu sozinho por 20,9% do valor isento. Outro produto relevante da metalurgia incluído na isenção foi o ferro-nióbio, que representa cerca de 3,4%. Destacam-se ainda as aeronaves (3,1%) e outros silícios (3,0%).

Já entre os produtos mais prejudicados, que não foram contemplados pela isenção do tarifaço, destaque para o café, que responde por cerca de 33% do total exportado por Minas Gerais para os Estados Unidos. Na siderurgia, embora alguns produtos tenham sido contemplados com a isenção (como ferro fundido e o nióbio), uma parcela da cadeia produtiva segue sujeita às tarifas, como é o caso dos tubos de aço e do fio-máquina de ferro ou aço. A carne bovina, outro item de destaque na pauta exportadora mineira, também permanece sem isenção.

Estado de minas

Compartilhe:
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...