PNAD Contínua aponta que Minas Gerais tem 20,1% dos domicílios com apenas um morador, percentual acima da média brasileira

Minas Gerais é o quarto estado brasileiro com maior proporção de domicílios particulares com apenas um morador. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (22/8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 20,1% dos domicílios mineiros (ou 1,62 milhões de unidades) têm apenas um morador, enquanto a média brasileira é de 18,6%.

A maioria dessas unidades unipessoais (59,6%, o que corresponde a 963 mil domicílios) está ocupada por homens, enquanto 40,4% (ou 652 mil) têm uma mulher como única moradora. No Brasil essa proporção é de 55,1% masculina (7,93 milhões de domicílios unipessoais) e 44,9% feminina (6,46 milhões).

É o caso do engenheiro de software Danilo Gonçalves Custódio, de 24 anos, que há cinco meses saiu da casa da mãe, onde também morava a irmã, no Barreiro e foi morar na Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

"A principal motivação não foi nem morar sozinho. É que eu trabalho no Santa Efigênia e ir do Barreiro para lá todo dia era muito tempo de trânsito", afirmou.

Entre as vantagens estão uma maior liberdade e privacidade para tomar as decisões de tudo que envolve a sua residência. Já os pontos negativos, segundo Danilo, está o alto valor dos aluguéis e assumir integralmente todas as tarefas domésticas.

A bibliotecária Elma Oliveira veio para Belo Horizonte em 1994 saindo de Pains, no Centro-Oeste de Minas Gerais. Inicialmente, morou em repúblicas com outras pessoas, mas há 20 anos decidiu ter um lugar só para si, priorizando privacidade e independência. O imóvel que inicialmente foi alugado, acabou sendo comprado por ela.

"Você organiza do seu jeito, monta sua casa da forma que você quer, traz em casa quem você quer, ficar em casa do jeito que você quiser, essa coisa do estar sozinha também. Só que as vezes, você se sente sozinha. Não basta telefonema, sinto falta de alguém para conversar, trocar ideia e fazer tudo sozinha nem sempre é bom", disse.

Acrescentando o fator “idade”, 60,7% dos homens que moram em unidades domésticas unipessoais em Minas Gerais pertencem ao grupo etário de 30 a 59 anos, enquanto 27,1% tinham 60 anos ou mais. Já entre as mulheres que moram sozinhas, a maioria (57,7%) tem 60 anos ou mais, seguidas pelas de 30 a 59 anos (30,5%).

As unidades domésticas com morador único têm ganhado espaço no estado. Em 2012, a proporção desse tipo de ocupação era de 13,3%. Foi em 2024 que esse percentual ultrapassou os 20%, com alta acentuada de 2023 para 2024, período em que cresceu 1,5 ponto percentual (p.p.), superando a média brasileira, que foi 0,7 p.p.no mesmo período.

No ranking dos estados brasileiros com mais domicílios com apenas um morador, Minas Gerais só perde para o Rio de Janeiro (com 22,6% de unidades unipessoais), Rio Grande do Sul (20,9%) e Goiás (20,2%).

No entanto, as unidades nucleares - aquelas formadas pelo casal, com ou sem filhos (inclusive adotivos e de criação) ou enteados - são a maioria dos domicílios mineiros, com 66%, apesar de ter registado uma ligeira queda de 0,5 p.p. em relação a 2023, movimento que foi refletido na média nacional, com 0,3 p.p. no mesmo período.

Estado de minas