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Professor é humilhado por aluno de 12 anos em escola de BH: ‘Abaixou a minha calça’

Publicada em: 05/09/2025 05:49 -

O professor André Segala, de 38 anos, relata ter sido humilhado na Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, no Bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Segundo o docente, um estudante de 12 anos, matriculado no sétimo ano, abaixou as calças dele logo após o término da aula de história.

Em entrevista ao Estado de Minas nesta quinta-feira (4/9), o professor disse que o episódio aconteceu em 26 de agosto. Apesar do constrangimento, ele deu a última aula e, na sequência, foi feito um registro administrativo dentro da escola.

A Guarda Municipal foi acionada, e a direção escolar comunicou o fato à mãe do aluno, que estava no colégio no dia. Ela não presenciou a situação. Por fim, o docente foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência.

“A princípio, estou afastado por 30 dias desde então, mas, vencendo esse prazo, vou ter que ir para outra escola. Não tenho condições de voltar. Não consigo. O aluno esperou eu sair da sala. No corredor, quando me deslocava em direção à escada, ele abaixou minha calça, que foi parar nos pés. Eu estava com várias coisas na mão. Não pensei, larguei tudo para me vestir de novo. Meu notebook e meu tablet caíram no chão. Como estava bem na troca de horário, os alunos e funcionários viram tudo. Foi muito constrangedor”, contou.

De acordo com o docente, o estudante responsável pelo constrangimento saiu correndo em seguida. O professor acredita que sua sexualidade e uma repreensão ao aluno na semana anterior tenham relação direta com o ocorrido. “Era dia de prova e eu o mandei virar para frente. Isso desencadeou uma angústia nele, o que o levou a premeditar o ato. Além disso, tenho certeza que isso não passaria pela cabeça dele com um professor heterossexual”, disse.

Tratamento contra depressão e homofobia na escola

André Segala contou que a humilhação sofrida tem gerado gatilhos e pensamentos recorrentes sobre a atitude do aluno. “Eu faço tratamento contra uma depressão profunda. Involuntariamente me pego pensando na cena e fico sentindo vergonha. Mesmo tomando remédio, acordo à noite pensando nisso. Isso tudo aconteceu em um momento muito delicado da minha vida”, desabafou.

Dias depois de voltar de uma licença no fim de março deste ano, Segala afirmou que foi vítima de homofobia dentro da sala de aula. “Na ocasião, não representei contra a aluna. Tentei encarar como algo pontual. Ela me chamou de todos os nomes possíveis e estava focada em me ofender em função da minha sexualidade. Por fim, ela disse: ‘Não dá nada pra mim’. Essa aluna continua do mesmo jeito. Geralmente, ela não está em sala e só entra pra causar confusão e constrangimento, além de se vestir com roupas inapropriadas, sempre muito erotizada. A gestão fica penando com ela. É um desgaste para todos”, explicou.

“Estudantes ganham uma autoridade que não deveriam ter

O professou relatou à reportagem que em outro episódio mais recente, no início de agosto, teve uma discussão com uma aluna, pois ela saía e entrava na sala de aula frequentemente. “Então falei que a escola não era lugar para vagabundear, mas, sim, para estudar. Caso não quisesse assistir aula, que dormisse, mas não atrapalhasse. No outro dia, o pai dela, agressivo, apareceu no colégio. A garota disse que eu a chamei de vagabunda”.

Na ocasião, o colégio, segundo o professor, assumiu um papel “civilizado e democrático” de ouvir “ambas as partes”. Embora as devidas apurações devam ocorrer, Segala aponta falta de pulso firme da direção escolar a fim de solucionar as crises de relacionamento.

“Sou um profissional experiente. Tenho 16 anos de carreira. Já atuei como diretor, vice-diretor e coordenador. Lidei com os mais diversos casos. Nunca vi escola tão refém dos alunos quanto essa. Aluno e professor não podem ser colocados no mesmo patamar. Os estudantes ganham uma autoridade que não deveriam ter”, concluiu. 

Secretaria de Educação e Polícia Civil se posicionam

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) informou “que a direção da Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia já se reuniu com todos os envolvidos, incluindo a família do aluno”.

Conforme a pasta, o professor está sendo acolhido pela SMED e pela equipe de gestão da escola. Já o estudante passará por “acompanhamento psicopedagógico”, esclareceu a secretaria.

Procurada pelo EM, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que apura os fatos. “Outras informações serão divulgadas somente em momento oportuno”, pontuou a instituição policial.

 

Correio Braziliense

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