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Brasileiro é condenado a 14 anos por tentar matar ex-presidente Cristina Kirchner na Argentina

Publicada em: 09/10/2025 07:04 -

Fernando Sabag Montiel e Brenda Uliarte foram condenados pelo atentado frustrado contra a ex-presidente; Montiel ainda soma pena por material de abuso infantil

 

O brasileiro Fernando Sabag Montiel e a namorada Brenda Uliarte foram condenados nesta quarta-feira (8/10) pela Justiça argentina após a tentativa de assassinato da ex-presidente Cristina Kirchner, em 1º de setembro de 2022. A pena de Montiel, de dez anos, foi somada a uma condenação prévia de quatro anos por posse e distribuição de material que incentivava abuso infantil, totalizando 14 anos de prisão. Uliarte recebeu oito anos.

Antes da sentença, Montiel fez um breve pronunciamento alegando irregularidades no processo: “Este caso foi armado e isso é conhecido. Eles plantaram uma arma”. Uliarte, por sua vez, preferiu não se manifestar. O Tribunal anunciou que os fundamentos da decisão serão divulgados em 9 de dezembro.

 

 

O ataque ocorreu quando Cristina Kirchner estava na porta de casa em Buenos Aires, cumprimentando apoiadores e autografando livros. Montiel disparou duas vezes contra ela a cerca de 15 centímetros do rosto, mas as balas não saíram. Ele portava uma pistola com cinco balas. 

A tentativa de homicídio ocorreu pouco antes do início do julgamento de Kirchner por corrupção. Ela foi condenada em 2022, e a decisão foi confirmada pela Suprema Corte em 2025. Atualmente, cumpre prisão domiciliar em Buenos Aires, em imóvel diferente daquele onde ocorreu a tentativa de assassinato.

 

Um terceiro suspeito, Nicolás Carrizo, não teve acusações apresentadas pela promotoria, que constatou que ele desconhecia o plano. Durante o julgamento, os advogados de Kirchner solicitaram investigação sobre possíveis mentores do ataque, mas o pedido foi rejeitado. A ex-presidente denunciou perseguição política, afirmando: “Querem que eu seja presa ou morta.”

O casal enfrentava acusações de tentativa de homicídio qualificado. A promotoria definiu o crime como triplamente agravado: dolo, violência de gênero em contexto de violência política e uso de arma de fogo. Inicialmente, os promotores pediam 15 anos de prisão para ele e 14 para ela. Durante o julgamento, Montiel admitiu que tentou matar a peronista como um “ato de justiça”.

Investigações mostraram imagens do casal circulando por eventos de apoiadores de Cristina, vendendo algodão-doce. O atentado reacendeu memórias da violência política na Argentina, considerada superada desde a ditadura civil-militar, e provocou uma onda de solidariedade à ex-presidente.

Entre os poucos políticos de destaque que não condenaram publicamente o atentado estão Javier Milei, que ainda não era presidente, e a atual ministra da Segurança Pública, Patricia Bullrich.

 

Nascido no Brasil em 1987, Montiel tem nacionalidade argentina e reside no país desde 1993. Sua mãe é argentina e seu pai, o chileno Fernando Ernesto Montiel Araya, foi alvo de um inquérito da Polícia Federal brasileira em 2020.

Correio tenta contato com a defesa de Montiel para ouvir uma posição sobre a condenação. Em caso de resposta, o texto será atualizado.

 

Correio Brazieliense

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