Insegurança jurídica, consumo fraco e ausência de temperaturas frias impactaram negativamente no resultado, segundo presidente do Sindvest-MG
As vendas no setor de vestuário em Minas Gerais apresentaram estabilidade no primeiro semestre do ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A comercialização dos produtos está fraca, mas a temporada das coleções primavera-verão, vendidas em abril, mostraram que o mercado não perdeu força, apesar de também não crescer. O cenário foi traçado pelo o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindvest-MG), Rogério Márcio Vasconcellos.
Ele alega que o mercado está muito variável e a insegurança jurídica tem prejudicado o setor. “Ninguém investe quando se tem um governo de economia instável. A gente não consegue aumentar as vendas, não tem investimento”, pontua.
Em entrevista ao Diário do Comércio, no mês passado, Rogério Vasconcellos já havia mencionado que a queda de demanda no inverno havia sido de 25% este ano em função da ausência das temperaturas frias ou do inverno tardio.
Naquele mês, ele já atribuía os motivos ao cenário econômico e à concorrência com os importados. Entretanto, os impactos das novas diretrizes divulgadas pela Receita Federal em junho deste ano – que passou a taxar em 20% os produtos importados até US$ 50 que afetavam diretamente o setor – ainda não foram sentidos.
“A gente espera que a taxação contribua positivamente porque estava atrapalhando muito as nossas vendas, mas a gente ainda não sentiu este impacto. Demora um tempo até chegar em toda a cadeia”, comenta.
Quando perguntado sobre o mercado de consumo em alta em Minas Gerais, o presidente do Sindvest-MG alega não ser uma realidade no vestuário. “O mercado está em alta? Consumo em alta? No vestuário não está. As pessoas com melhor poder aquisitivo têm imóveis e vivem de aluguéis. É só você andar na rua, no Barro Preto, na Av. Pedro II, na Savassi e você vê as ruas cheias de imóveis para alugar. O mercado não está em alta não. As pessoas não estão consumindo”, argumenta.
Para a temporada primavera-verão 2024/25 as maiores vendas, de acordo com o presidente, foram de produtos com tecidos com fibras naturais, como linho, algodão e viscose.
Custos de produção
Quanto aos custos de produção, o presidente do Sindvest-MG cita a variação e a alta do dólar como principais motivos para operarem com uma margem de lucro reduzida. “Os produtos feitos com tecidos importados estão trabalhando com uma margem de lucro menor, pois ficaram muito caros já que são comprados em dólar”, observa.
O presidente do sindicato que representa o setor de vestuário em Minas destaca ainda os problemas com a mão de obra. “Como temos uma escassez de mão de obra, aquele profissional formado e qualificado está muito caro e muito difícil, deixando os salários mais altos”, frisa.
Expectativas para o segundo semestre
Para as vendas da temporada outono-inverno 2024/25 que começam a ser vendidas em outubro, o presidente do Sindvest-MG diz estar otimista. “Expectativa de crescimento a gente sempre tem, mas o comércio está muito difícil. A economia está instável, então, se a gente conseguir manter os números atuais, já está ótimo”, comenta Vasconcellos.
Entretanto, o representante da indústria do vestuário pondera que para isso é muito importante que o governo estabilize a economia e o Supremo Tribunal Federal (STFdê segurança jurídica. “Não estamos tendo nenhuma”, argumenta.
E cita a reforma tributária como exemplo. “Até então, pelo que foi apresentado, ela aumentou os tributos do nosso setor, não reduziu. Ela simplifica, mas aumenta a tributação. Então, a gente espera que ela seja modificada e não fique da forma como está. É uma incógnita ainda”, finaliza.
Fonte: Estado de Minas