Aumento na renda do trabalhador e baixa taxa de desemprego viabilizam o acesso a recursos financeiros
A procura por crédito em Minas Gerais avançou 5,5% em julho na comparação com o mesmo período de 2023. O crescimento, segundo dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian, é superior aos 3,7% registrados no Brasil – primeira alta após dois meses seguidos de queda.
O resultado, segundo o economista Guilherme Almeida, vai de encontro ao cenário econômico no Estado, que está favorável para a busca de recursos financeiros. Ele avalia que os setores de comércio e serviços seguem em crescimento, além de maior redução na taxa de desemprego, que está em 5,3% – uma queda de 0,5 ponto percentual na comparação com o ano passado.
Com mais empregados no Estado, as cidades vivem um momento de movimento maior no consumo por parte das famílias. “Mais pessoas empregadas em Minas Gerais significa maior renda no mercado e consequentemente o acesso ao crédito torna-se mais facilitado”, explica o economista.
No mês de julho, dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que foram abertas 11,1 mil vagas de trabalho formais no Estado. Apesar de apresentar números inferiores ao mês anterior, quando somou 28,3 mil vagas, os resultados indicam que as oportunidades de emprego se recuperam em Minas Gerais.
Além das vagas de trabalho, Almeida destaca que outro fator segue impulsionando bons resultados no Estado: o aumento na renda do trabalhador mineiro, que está 7,5% maior em julho ao comparar com o ano passado. “Maior renda implica em maior consumo e consequentemente também eleva a probabilidade de acesso ao crédito”, pontua.
Ao analisar os possíveis destinos dos recursos financeiros obtidos, o economista acredita que o uso de crédito para aquisição de bens duráveis e semiduráveis é o que predomina. “Apesar de existirem famílias que usam para refinanciar dívidas, os indicadores de atividade agregada e comércio vêm indicando que uma maior parcela desse crédito está sendo revertida para consumo”, avalia.
Além disso, o alto endividamento da população revela que os mineiros estão com maiores compromissos financeiros. Para Almeida, esse indicador pode ser um sinal de que as pessoas estão utilizando crédito para adquirir outros bens, o que ajuda a movimentar a economia local.
Possibilidade de aumento na taxa de juros preocupa
Prevista para os dias 17 e 18 de setembro, a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) vai discutir o futuro da taxa Selic, que poderá aumentar, diminuir ou se manter estável. A taxa hoje está em 10,5% ao ano e uma provável alta, no entanto, poderá impactar o desempenho do acesso ao crédito no Brasil.
Para Guilherme Almeida, o melhor cenário seria o de manutenção na taxa de juros, seguindo os passos dos Estados Unidos, que já sinalizaram uma expectativa muito alta de redução nos juros. “Supondo que aumente, isso tem um impacto negativo porque gera uma percepção mais conservadora por parte das instituições que liberam crédito na economia”, explica.
Os avanços na taxa de juros, segundo ele, levarão o País a uma leitura de custo do crédito em patamar restrito. A tendência, segundo ele, é que as instituições avaliem a liberação de novos créditos no mercado, especialmente conjugado com outros indicadores, mas um eventual aumento tende a ter um impacto mais restritivo na liberação de recursos financeiros.
Embora elevado com a atual taxa de juros, o crédito para o consumidor final está mais barato do que em julho de 2023. Segundo Almeida, a taxa média da operação de crédito com recursos livres para pessoas físicas está cerca de 7 pontos percentuais menor neste ano em comparação a 2023.
“Vivemos um combo de menor desemprego, maior renda e menor custo do crédito. Tudo isso tem se traduzido em expectativas positivas com relação ao consumo e o acesso ao crédito dos brasileiros”, finaliza.
fonte: diario do comercio