48,4% dos consumidores admitem que não conseguirão quitar as dívidas em janeiro e 31,7% pagarão parcialmente
As famílias de Belo Horizonte estão tendo cada vez mais dificuldade para sair da inadimplência. De janeiro a dezembro de 2024, o número de consumidores que não tiveram condição de arcar com contas atrasadas sofreu elevação de 16,6 pontos percentuais na Capital. Em dezembro, mais de 56% das famílias confirmaram ter alguma dívida pendente, alta de 0,2 pontos percentuais acima do verificado em novembro.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MGe aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
A economista da Fecomércio-MG, Fernanda Gonçalves, destaca no estudo o dado a respeito das famílias que não terão condições de quitar as suas dívidas. “De janeiro a dezembro de 2024 tivemos uma alta de 16,6 pontos percentuais. É um indicador que nos preocupa, pois quando as dívidas chegam nesse patamar, as famílias deixam de ter poder de compra, além de comprometer o crédito de familiares e amigos para manter o consumo”, explica.
Os consumidores que não terão condição de quitar as dívidas somaram 27,2%, montante igual ao observado em novembro. Esse índice é maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos (29,6%), em relação às de maior salário (14,9%). Considerados individualmente, 48,4% dos consumidores admitem que não conseguirão quitar as dívidas em janeiro e 31,7% pagarão parcialmente. A economista também aponta que muitas famílias se endividaram com os jogos de azar, as conhecidas bets.
O nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte recuou 0,5 ponto percentual entre novembro e dezembro, quando 90,8% delas admitiram ter contas em atraso. “O endividamento toma uma proporção tão grande que começa a prejudicar o consumo de produtos básicos para a sobrevivência, como alimentos. A inflação atingiu 4,83% nos últimos 12 meses e as dívidas com cartão de crédito e falta de planejamento financeiro são também pontos de destaque”, enumera Fernanda Gonçalves.
O tipo de compromisso financeiro mais assumido pelas famílias belo-horizontinas é com o cartão de crédito. Em dezembro, 93,9% viram sua renda ficar comprometida com essa modalidade de crédito. A Fecomércio-MG orienta que as famílias devem focar em planejamento financeiro e se organizar para não perder o controle do orçamento, uma vez que o cartão possui os maiores juros praticados no mercado, uma média de 470,8% ao ano.
A pesquisa também mostra que, entre as famílias com contas pendentes, 51,9% afirmam que essas dívidas ultrapassam 90 dias e, em média, estão atrasadas há 64,9 dias. Entre grupos familiares com renda de até dez salários mínimos (54,3%), o tempo de pagamento das contas pendentes será superior a 90 dias.
82,3% das famílias inadimplentes em Belo Horizonte empenhou a sua renda por um período de tempo igual ou superior a 90 dias. O tempo médio de comprometimento de renda é de 8,5 meses. Em médias, as dívidas comprometem 32% do orçamento mensal.
Itatiaia