Mineiro leva prejuízo e denuncia site falso de compra de carro
Publicada em: 08/03/2025 06:50 - Notícias
Além de não ter recebido o veículo comprado, a vítima teve as contas e cartões clonados. Polícia foi acionada
Um mineiro de Dom Joaquim, cidade localizada na Região Central de Minas Gerais, denuncia que foi vítima de um golpe de venda de automóveis pelas redes sociais. O site em questão, usa o mesmo nome da Associação Nacional dos Consumidores e Arrematantes de Leilões do Brasil (Ancal Brasil). A vítima relata que, além do prejuízo de R$ 11.800, teve seus cartões e contas clonadas pelo grupo.
Ao Estado de Minas, a vítima, que preferiu não se identificar, contou que começou a conversar com os vendedores em outubro do ano passado. Ele se mostrou interessado em adquirir uma picape compacta modelo Fiat Strada e, por isso, ficou acordado que o pagamento seria feito a partir de uma entrada de R$ 5 mil, e o restante do valor seria acertado em parcelas. Antes dos pagamentos, os suspeitos apresentaram um número de CNPJ da Ancal Brasil, associação que não revende veículos, mas sim, segundo o próprio site, representa arrematadores de leilões.
No entanto, assim que efetuou o primeiro pagamento, o mineiro foi informado que teria que pagar algumas taxas como: R$ 2 mil, ao leiloeiro; R$ 4.800 que corresponderiam a taxas bancárias e ao sinistro do veículo. Mesmo após as transferências dos valores, o veículo não foi entregue. Devido ao não cumprimento do contrato, e à demora no processo, a vítima pediu à empresa o cancelamento do negócio e a devolução do dinheiro.
A empresa, por sua vez, afirmou que o valor seria estornado em seis meses. Diante da insistência do comprador, os funcionários afirmaram que o montante seria devolvido em 28 de fevereiro, o que não foi feito. Pelo contrário, ao conferir sua conta, a vítima percebeu que foram feitas diversas transações de sua conta bancária.
“Eles não me entregaram o carro e disseram que iam me devolver o dinheiro. Já tinha passado os dados de contas e eles clonaram meus cartões de crédito, limparam o meu limite. Fizeram várias compras. Gastaram R$ 6 mil a mais do meu limite”, afirma a vítima.
Desde o episódio, o homem procurou a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMGe registrou um Boletim de Ocorrência. O caso seguiu para a Delegacia da Polícia Civil, em Conceição do Mato Dentro. Para além de todo o prejuízo financeiro, a vítima afirma que está abalada com o que aconteceu. “Nunca passei por isso, sujaram o meu nome. Se eles tivessem levado só os R$ 11 mil e não tivesse entregado o carro, não era tão ruim. Mas decidiram fazer uma covardia e sujaram o meu nome”, lamenta.
A reportagem procurou a Associação Nacional dos Consumidores e Arrematantes de Leilões do Brasil (Ancal Brasil), mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
Golpes digitais
Assim como o morador de Dom Joaquim, outras 10.541 pessoas foram vítimas de estelionato cibernético nos primeiros meses deste ano. Ao longo de 2024, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, 56.411 denúncias foram registradas. Apelidado de “171”, referência ao artigo que tipifica o crime no Código Penal, o estelionato se qualifica como qualquer situação em que o golpista busca obter alguma vantagem sobre sua vítima no ambiente virtual. A prática criminosa induz a pessoa ao erro e, geralmente, mexe com a inocência e ambição das pessoas com a promessa de altos retornos materiais.
Segundo o advogado especialista em Direito Digital, Alexandre Atheniense, os golpes são baseados em duas premissas. “Uma é que a tecnologia favorece a prática do anonimato, a pessoa cria um perfil se fazendo passar por um parente ou amigo para aplicar um golpe por WhatsApp, por exemplo. Segundo, a certeza de que vai haver impunidade, ou seja, a vítima não vai saber reagir ao sofrer o golpe”, explica ele.
O advogado também ressalta que a reação da vítima deve ser a mais rápida possível. “Os casos em que as vítimas percebem que o golpe aconteceu e demoraram para reagir e enfrentar, diminui as chances e a probabilidade de ter êxito para recuperar os danos sofridos”, afirma.
As modalidades de golpes digitais são inúmeras, podendo ocorrer em diferentes contextos e canais como sites, redes sociais, e-mails e aplicativos. Entre elas estão: leilão falso, boleto falso, motoboy, falsa vaga de emprego e empréstimo.
O que fazer quando o golpe acontece?
“É necessário preservar a prova imediatamente, se possível em conformidade legal, e procurar um advogado para que ele possa tomar as medidas possíveis”, diz Alexandre. Por outro lado, o advogado destaca a possibilidade de resolver o problema extrajudicialmente. “Por exemplo, se você foi vítima de um banco, loja ou uma plataforma qualquer, a vítima deve esperar no máximo sete dias para que a plataforma onde aconteceu o golpe se manifeste e resolva o dano causado.”
Se isso não acontecer dentro do prazo, a medida a ser tomada é procurar um especialista para entrar com uma ação imediatamente, a fim de tentar obter uma liminar para reaver os valores envolvidos no golpe.
Como o consumidor pode se proteger?
De acordo com Alexandre Atheniense, algumas formas de evitar os golpes digitais são: não agir por impulso e checar referências sobre quem está transacionando fora da plataforma digital. “Por exemplo, realizar uma chamada de vídeo com quem está te abordando. Quem pratica o golpe vai estar sempre usando a tecnologia a seu favor para manter o anonimato e consumar o golpe”.
*Com informações de Ana Luiza Soares* / Estado de minas
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...