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Atendimentos em saúde mental infantojuvenil cresceram 28% em Minas Gerais

Publicada em: 31/05/2025 07:02 - Notícias

Psicólogo especialista em infância e adolescência afirma que este é um dos efeitos pós-pandemia

 

Um relatório da revista científica The Lancet, publicado recentemente, acendeu o alerta global sobre a saúde de crianças e adolescentes. A projeção é que, até 2030, cerca de 464 milhões de jovens estejam com sobrepeso ou obesidade – um crescimento alarmante. Ainda mais grave: transtornos mentais como depressão e ansiedade devem provocar a perda de 42 milhões de anos de vida saudável em todo o mundo.

 

No Brasil, os reflexos dessa realidade já são sentidos. Em Minas Gerais, os atendimentos em saúde mental infantojuvenil cresceram 28% apenas nos primeiros quatro meses de 2025. Para entender melhor esse cenário, a Rádio Itatiaia entrevistou o psicólogo e professor Carlos André Moreira, coordenador do curso de Psicologia da UniFip-Moc/Afya e especialista em infância, adolescência e saúde mental.

“Vivemos um tempo difícil, pós-pandêmico, e as dificuldades emocionais já se revelam desde muito cedo na vida das crianças”, afirmou o professor. Ele destaca que a escola, por ser o primeiro espaço fora da família frequentado pela criança, é um lugar privilegiado onde esses sinais podem aparecer: “A escola se torna um espaço onde as dificuldades emocionais se expressam, mas ela não pode trabalhar sozinha”.

 

Além da saúde mental, o relatório também aponta o avanço preocupante da obesidade entre os jovens – problema que, segundo o especialista, está diretamente ligado ao emocional. “Vivemos em uma sociedade imediatista. A comida, muitas vezes, vira um objeto de satisfação emocional”, explica Carlos André, ressaltando que políticas públicas articuladas entre educação, saúde e assistência social são essenciais.

Centros de Atenção Psicossocial

Desde 2023, Minas Gerais implantou 27 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSvoltados à infância e juventude. Para o psicólogo, esse é um avanço, mas ainda insuficiente: “É sempre importante pensar na ampliação. Quanto mais serviços, mais espaços de escuta e acolhimento, melhor será para nossas crianças e adolescentes”.

A pandemia de Covid-19, segundo ele, deixou marcas profundas. “Todo mundo ficou muito sozinho. E pensar o futuro exige o coletivo, exige diálogo. A solidão imposta pela pandemia ainda pesa sobre nossas crianças”.

Diante desse quadro, Carlos André orienta que pais e educadores estejam atentos aos sinais: mudanças bruscas de comportamento, isolamento, queda no rendimento escolar e alterações no sono ou apetite. “Reconhecer que uma criança precisa de ajuda é um ato de cuidado, não de fraqueza. Procurar um profissional é romper com o tabu e abrir caminho para a saúde”, defende.

Por fim, o especialista reforça a importância de ações preventivas desde a primeira infância: “Precisamos garantir o direito de brincar, de ser escutado, de viver num ambiente seguro. É assim que construímos um futuro mais saudável, física e emocionalmente, para nossas crianças”.


Itatiaia

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