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Minas Gerais é eleito um dos melhores destinos do planeta para 2026

Publicada em: 07/11/2025 06:42 -

A lista anual da revista Condé Nast Traveler destaca locais que oferecem experiências culturais autênticas, valorização do patrimônio, excelência gastronômica

 

Minas são muitas. Porém, poucos são aqueles que contemplam as mil faces das Gerais com os olhos da alma.” Assim escreveu Guimarães Rosa, capturando em essência o mistério sagrado de um estado que se desdobra em camadas de luz e sombra das cidades históricas, montanhas e planícies na Serra da Mantiqueira; rios e cachoeiras na Serra da Canastra.

 

Uai, Minas! Essa terra de ladeiras tortas e horizontes infinitos, onde o ouro das veias das serras se mistura ao ouro da memória ancestral, acaba de receber o selo divino da Condé Nast Traveler: um dos melhores destinos do planeta para 2026. Não é mero capricho de editores cosmopolitas – é o reconhecimento de que aqui, no triângulo das montanhas, pulsa uma energia que transcende o tempo, ecoando as vozes dos povos originários que sussurram nos ventos da Serra do Espinhaço.

 

Minas Gerais foi destacado como um dos melhores destinos globais para visitar em 2026 pela Condé Nast Traveler, uma das mais renomadas publicações de viagens e estilo de vida do mundo. A lista anual da revista destaca locais que oferecem experiências culturais autênticas, valorização do patrimônio, excelência gastronômica e rotas naturais singulares, características que colocaram Minas na rota internacional como um destino essencial para viajantes em busca de originalidade e experiências profundas.

 

A Condé Nast Traveler menciona que Minas Gerais é "um dos tesouros mais subestimados do Brasil", enfatizando seu rico patrimônio histórico, a gastronomia reconhecida pela UNESCO e o modo de vida acolhedor que transforma cada visita em uma experiência afetiva e inesquecível. A matéria também destaca o vigor cultural do estado, sua hospitalidade aclamada globalmente e a relevância de Belo Horizonte como a capital criativa do país.

 

O reconhecimento internacional mostra que Minas Gerais é um vasto santuário vivo: vales que acolhem orações silenciosas, cachoeiras que cantam salmos de água pura, montanhas que se erguem como altares ao Criador, rios e lagos que refletem o céu como espelhos da eternidade. Em seus povoados, a ruralidade guarda a memória ancestral dos que vieram antes, personagens humildes e luminosos – alguns coroados pela fama, outros ungidos apenas pelo tempo e pela terra.

 

Há mais de quatro séculos, desde meados do século 18, os primeiros peregrinos das Gerais trilharam sendas de provação. Desbravaram a mata virgem como quem atravessa o deserto da alma, escalaram serras como quem sobe ao monte da transfiguração, enfrentaram feras e abismos com o coração aceso pela fé. Muitos tombaram no caminho, oferecendo-se em silêncio à grande jornada. Os que seguiram adiante, guiados por uma chama interior, não buscavam apenas ouro, diamantes ou esmeraldas – encontraram o ouro da presença divina na matéria, a luz das pedras preciosas como reflexo da glória celestial, e sabores que alimentam corpo e espírito.

Foi assim que nasceu a alma mineira: forjada no fogo da coragem, temperada pela humildade, banhada na fonte da devoção. Minas não é apenas terra – é oração em movimento, história que se renova a cada amanhecer, recriação perpétua do sagrado no cotidiano. Quem a atravessa com o coração aberto, descobre que as Gerais não são apenas muitas: são uma só, e nela habita o infinito.

 

Experiências por Minas

 

Lembro-me vividamente de uma manhã em Brumadinho, quando, para uma reportagem em Inhotim. Entrei em um pavilhão onde as obras de Tunga pareciam rituais xamânicos petrificados. Ali, entre cristais e sombras, conversei com artesãos indígenas cujas mãos tecem o fio invisível entre o barroco de Aleijadinho e as pinturas rupestres do Parque Nacional do Peruaçu.

Era como se a terra mineira, ferida por cicatrizes recentes, se curasse através da arte – um bálsamo que a Condé Nast agora proclama ao mundo. Em 2026, espere imersões guiadas por esses guardiões da tradição, onde o visitante não é turista, mas peregrino, tocando o solo que nutriu visionários como Milton Nascimento. 

A capital mineira, que eu descrevi como um caldeirão de contrastes em textos sobre sua efervescência cultural, ganha mais força durante o carnaval. O Circuito Liberdade, com suas galerias é uma viagem ao passado, ao início do surgimento da capital espelhada da Belle Époque de Paris. E o Mercado Central? Não mais só quitutes, mas um portal gastronômico onde o bife de fígado acebolado com jiló se funde a pratos ancestrais, como o pequi colhido por mãos maxacalis, evocando a força telúrica que eu tanto defendi em reportagens sobre sustentabilidade.

Mas Minas é mais que BH e suas artérias pulsantes. Desça à alma selvagem: Capitólio, com seus cânions esculpidos pelo Rio Grande – local que chamei de veia viva da nação em uma série sobre ecoturismo –, promete roteiros de barco ao pôr do sol, onde o turista aprende com ribeirinhos a ler os sinais dos espíritos aquáticos. Monte Verde, que pintei como refúgio dos amantes da neblina em perfis de hotéis boutique, explode em 2026 com trilhas meditativas guiadas por pajés, conectando o corpo ao pulsar da Mata Atlântica.

 

E não esqueçamos o Norte, terra de grutas do Peruaçu, onde as formações rochosas parecem altares pré-históricos. Aqui, a Condé Nast acerta ao prever um turismo regenerativo: hotéis-fazenda que ensinam a ordenhar vacas e colher ora-pro-nóbis, alimentos que eu sempre louvei como elixires da longevidade mineira.

Essa consagração global chega num momento propício, uai. Após um trabalho árduo de recompor as atividade no pós-pandemia da COVID-19, novos ventos carregaram sementes de renovação. Minas se ergue como farol para o viajante sedento de autenticidade. Dados da Booking.com, que eu dissecava em análises recentes sobre tendências, mostram um salto de 61% nas buscas pelo Brasil – e Minas lidera com sua diversidade: o Carnaval de BH, reinventado com blocos ancestrais; os queijos da Canastra, ritualizados em piqueniques sob estrelas que guiaram os bandeirantes; e Inhotim, expandindo-se como um organismo artístico vivo, único e surpreendente.

Como espiritualista que honra as forças da ancestralidade, vejo nessa eleição um aceno dos orixás da terra. Minas Gerais não é destino; é berço de almas. Em 2026, venha não para ver, mas para sentir – o chamado das ladeiras, o sussurro das samambaias, o riso que brota num pão de queijo compartilhado. O mundo nos descobre agora, mas nós, mineiros, sempre soubemos: aqui reside o ouro eterno. Que tal, leitor, planejar sua invocação? A serra te espera, com braços de montanha abertos.

 

Estado de minas

 

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