A forte onda de calor segue elevando as temperaturas em quase todo o Brasil. E não é exagero comparar com clima de deserto! De fato, o calor intenso e a baixa umidade podem ser considerados semelhantes ou até mais críticos que o deserto do Saara.
Segundo o professor de geografia e cientista do clima, Lucas Oliver, nesta semana o Brasil o superou o deserto do Saara. No Saara a umidade do ar varia de 14% a 20%, explica Lucas. No Brasil, 244 cidades registraram índices menores, de até 12% na terça-feira (3), segundo levantamento do portal g1 junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
‘A diferença é que no deserto fica frio durante a noite, e no Brasil o bloqueio atmosférico impede que o ar resfrie. Por isso, além do calor intenso intenso durante o dia, as temperaturas também ficam elevadas a noite’, explica o professor.
O especialista explica que o clima de deserto se deve às sequências de ondas de calor e também ao extenso período de estiagem que o país enfrenta. A falta de chuva e a alta temperatura fazem com que a umidade, literalmente, evapore, chegando a níveis desérticos.
Várias cidades do Brasil não registram chuva há mais de 100 dias. Uma delas é Belo Horizonte, que está sem chuva há 138 dias. Esse é segundo o maior intervalo sem chuva registrado na história da cidade. O recorde é de 1961, quando foram 198 dias sem precipitação na cidade.
Bloqueio atmosférico
O professor Lucas explica que o bloqueio atmosférico é a causa do recorde de estiagem. O fenômeno ocorre quando uma área de alta pressão atmosférica persiste no centro do país, impedindo a circulação das massas de ar frio.
‘O ar quente que sobe ele encontra uma alta pressão que o empurra de volta para a superfície. É a mesma dinâmica da air fryer. Ar quente circulando numa bolha fechada', compara Oliver.
Com isso, o bloqueio não deixa as frente frias e chuvas avançarem para o restante do país, que ficam ‘presas’ no Sul, causando as precipitações fora do normal, além do calor fora de época no Centro-Oeste e Sudeste.
fonte: itatiaia