Segundo o balanço divulgado nesta quinta-feira (3), 65% dos incêndios no estado foram em cidades e estão ligados a ação humana
Incêndios consomem seis unidades de Conservação em Minas Gerais. A situação é mais crítica no Santuário do Caraça, onde a operação de combate ao incêndio já dura 23 dias. O porta-voz do Corpo de Bombeiros, Tenente Henrique Barcellos, destaca as dificuldades da corporação.
“Das seis unidades, algumas mais conhecidas que são próximas da região metropolitana: o Santuário do Caraça, que já passou de 20 dias de operação; a Serra da Piedade, onde a gente ainda mantém o monitoramento, e o Uaimii, o parque que a gente inaugurou uma operação há poucos dias, também com a necessidade de contenção das chamas na região de Ouro Preto. Temos trabalhado com situações muito fora da curva, a gente tem uma estatística que 80% dos incêndios em unidades de conservação do Estado são extintos em até 24 horas. Então passar 20 dias, passar de duas semanas é realmente uma exceção enorme, nós tivemos dois casos que foi a Serra do Brigadeiro e agora o Santuário do Caraça”.
O Tenente explica as dificuldades da operação no Santuário do Caraça. " A gente tem uma situação de difícil combinação do combate aéreo com terrestre. Essa tem sido a principal estratégia para fazer frente às linhas de fogo, combinar um pessoal em terra numa situação de vantagem operacional, ou seja, esperando fogo num ponto certo onde a gente vai conseguir fazer aquela extinção das chamas e também um resfriamento aéreo. Ocorre que lá no Caraça, temos um ambiente muito acidentado, muitos vales, e com isso, às vezes a aeronave não consegue lançar água tão próximo daquele incêndio justamente por segurança nas operações aéreas. A gente teve que fazer esse combate aéreo majoritariamente pelo helicóptero que pega a água num cesto e consegue lançar pontualmente. O helicóptero ele tem ação mais pontual de profundidade, mas ele perde um pouco em volume, se comparado aos aviões Air Tractor. Felizmente a gente caminha para um ambiente de maior controle no local, sem chamas visíveis, somente alguns pontos fumegando de troncos de fumaça”.
Incêndios em áreas urbanas são a maioria
Apesar do alto número de incêndios em parques e unidades de conservação, a maioria das ocorrências são em áreas urbanas. 65% dos 25 mil chamados de queimadas em 2024 foram para atender incêndios dentro das cidades, em lotes vagos ou terrenos. “Um outro ponto que a gente precisa falar é o incêndio em vegetação em áreas urbanas não protegidas.
Em 2024, tivemos 25 mil chamados, e 65% deles são em cidades. E, eles estão muito ligados a ação humana. Por isso, a gente reforça as ações preventivas, de não colocar fogo em lotes vagos, não realizar limpeza de terreno, pastagens próximas ao meio urbano, justamente para conseguir reduzir essas ocorrências e o Corpo de Bombeiros e demais órgãos, concentrarem suas energias nos patrimônios ambientais”, orienta Tenente Barcellos.
O número de chamados é o pior da série histórica iniciada em 2015, ultrapassando todo o contabilizado em 2021, pior período até então, quando foram 24.336 casos ao longo de todo o ano. No entanto, o Tenente ressalta que as áreas queimadas não superam os de registros anteriores.
“Por mais que a demanda tenha aumentado muito, essa área queimada ainda não supera anos anteriores. Isso mostra uma certa eficiência de todos os órgãos que estão envolvidos nessa força tarefa”. De acordo com dados são do BDQueimadas do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Minas Gerais concentra 4,9% dos focos de incêndios no país durante 2024. O sétimo estado com mais registros de incêndios.
fonte: itatiaia