O varejo alimentar brasileiro registrou, em março, o pior desempenho de vendas do ano até o momento, segundo dados do Radar da Scanntech, plataforma de soluções. De acordo com a análise o setor encerrou o mês com uma retração nas vendas por unidade de 4,6%, reflexo da redução no fluxo de consumidores nas lojas de 3,4% e do aumento de 7,4% nos preços da cesta de mercearia básica, resultando em uma queda de 5,4% nas vendas de itens dessa categoria, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Entre os principais fatores para esse recuo está a inflação em itens essenciais, o que tem reduzido a frequência de visitas do consumidor aos supermercados.
No terceiro mês de 2025, o leite teve um acréscimo de 4,2% em relação a fevereiro e de 13,2% no comparativo com o ano passado. Já o café, principal responsável pelo aumento de preço da cesta de mercearia básica, subiu 7% no comparativo com o mês anterior, já em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 74,7%.
Outros itens essenciais também apresentaram elevação nos preços: o ovo, que já vinha em trajetória de alta, subiu 7,9%; a massa instantânea, 2%; o sal, 1,9%; e macarrão, 0,3%, em relação a fevereiro.
“Outro ponto que contribuiu para o desempenho negativo de março foi o efeito calendário. Neste ano, a Páscoa será comemorada em abril, ao contrário do ano passado, quando ocorreu no fim de março e impulsionou as vendas de itens sazonais naquele mês. Essa mudança provocou uma migração no período de compra de determinados alimentos típicos da data, impactando diretamente os resultados de março deste ano”, diz a diretora de marketing da Scanntech, Priscila Ariani.
Ela acrescenta que ainda que desconsiderado o efeito da sazonalidade, os preços apresentaram uma aceleração de 6,8%, enquanto as vendas por unidade recuaram 1,4%. “Ao observar especificamente a quarta semana de março, período em que tradicionalmente há um pico de consumo pré-Páscoa, nota-se uma queda de 8,6% nas vendas em comparação com o mesmo intervalo de 2024, o que comprometeu a performance do mês, que vinha registrando resultados positivos nas três primeiras semanas”, analisa.
Mesmo em um cenário de aumentos de preços, o arroz e o feijão registraram queda de 4,2% e 0,2%, respectivamente, em março em relação a fevereiro. No acumulado de 12 meses, o recuo foi ainda mais expressivo: -10% no preço do arroz e -24,4% no do feijão.
Diario do comercio