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Finados: setor de flores espera incremento de 7%, mas lojistas relatam queda no interesse pela data

Publicada em: 30/10/2025 06:57 -

Data costuma movimentar cemitérios, que recebem visitas de quem vai prestar homenagens a entes queridos

 

O Dia de Finados, celebrado no próximo domingo (2), deve movimentar o setor de flores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), a expectativa é que, neste ano, as vendas em todo o país sejam 7% maiores que no ano passado, puxadas por pessoas que visitam cemitérios na data e prestam homenagem aos entes que já partiram. O feriado, segundo a entidade, responde por 3% do comércio anual de flores no Brasil e continua importante para o setor. Apesar disso, donos de floras de Belo Horizonte percebem queda no interesse pela data, especialmente entre os jovens.

 

Quem espera bom movimento no fim de semana é a Floricultura Nossa Flora, que fica próximo ao Cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, na região Oeste de BH. A proprietária da loja, Sônia Gomes, de 68 anos, conta que, para alguns tipos de plantas, praticamente dobrou o estoque para atender à demanda do próximo fim de semana. “Se eu compro 40 vasos de crisântemos, para Finados eu compro 80”, conta.

À frente do negócio há mais de 30 anos, ela explica que a maior parte dos clientes são moradores do bairro e fidelizados - que compram com frequência. “Eles compram para datas comemorativas particulares, como o aniversário da mãe, do pai, namorados. Quando chega Finados, junta todo mundo”, diz. Por lá, os clientes encontram de tudo um pouco: rosas, orquídeas, lírios, begônias, crisântemos, violetas, jiboias, rendas portuguesas, samambaias, entre outros.

Apesar da boa expectativa para este ano, Sônia revela que ainda não recuperou o volume de receita que tinha antes da pandemia. “Quem comprava 100 reais passou a comprar 10. O carinho é o mesmo, eles continuam homenageando, eu não perdi clientes, mas o investimento diminuiu”, lamenta.

 

Já Fernando Araújo, da Flora Paraíso, localizada no Mercado Central, não tem a mesma expectativa e espera movimento parecido com o habitual, sem surpresas. “Hoje em dia mudou muito, antigamente tinha mais tradição, hoje já não altera tanto”, avalia. Por lá, os clientes habitualmente procuram flores para datas comemorativas, como aniversários e Dia dos Namorados, além de homenagens sazonais, como Dia das Mães e Dia dos Pais. 

 

Também no Mercado Central, a loja Marselha é outra que espera movimento comum, sem grandes expectativas. O proprietário da loja, Vinícius de Araújo Amorim, percebe que, nos últimos dez anos, houve uma queda expressiva em relação ao volume de vendas de flores e demais produtos relacionados ao feriado de Finados. “A geração mais nova perdeu essa característica de prestar homenagem aos que não estão mais aqui”, acredita.

“Sempre aparece uma pessoa ou outra, mas nada que demande compra ou programação de compra de produtos direcionados. É um feriado que está se tornando algo comum”, diz. Ele ainda cita o fato de supermercados venderem flores e a presença de ambulantes na porta dos cemitérios na data, o que faz com que menos pessoas procurem floras para adquirir os buquês. 

 

“No passado, existia uma demanda muito grande, era uma data muito importante, minha mãe, que é fundadora da loja, já chegou a comprar 200 caixas de crisântemo, com 6 cada, e as pessoas disputarem o produto, chegando a brigar mesmo”, lembra. Segundo ele, hoje o que tem se mantido na floricultura, em questão de movimento, são as datas como o Dia das Mulheres, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Natal e Ano Novo (que tem tido muito movimento por parte de religiosos em busca de oferendas e pessoas que apostam em cromoterapia para a virada do ano).

Perto do Cemitério da Paz, no bairro Caiçara, a Girassol Flores e Plantas também não espera movimento considerável. De acordo com o proprietário, Carlos Jorge, o interesse pelas homenagens póstumas caiu muito. “Os jovens hoje não vão ao cemitério mais, antigamente o pessoal ia, lavava o túmulo, levava flores, hoje não tem isso mais”, comenta.

Por lá, o foco é na venda de flores em vasos. Os maiores movimentos estão no Dia das Mães, considerado o “Natal” do setor, Dia da Secretária, Dia das Mulheres e Dia dos Namorados. “Antigamente, existiam aquelas feiras de flores no feriado de Finados, mas acabaram com elas. A gente abria aos domingos no Dia das Mães e no Dia de Finados. Hoje só abrimos no domingo das mães”, relata.

 

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